O sobreiro em Portugal, sóbrio, rústico, complacente e bonacheirão, vegeta em toda a parte e sujeita-se, com singular e impressionante humildade, às condições mais diversas, por vezes as mais pobres.
Joaquim Vieira Natividade in Aspectos da Cultura do Sobreiro em Portugal
As associações Árvores de Portugal (AP) e Transumância e Natureza (ATN) formalizaram no passado dia 30 de Outubro, à sombra do secular sobreiro do Cachão, com um aperto de mão entre os respectivos presidentes, o desejo de ver o sobreiro consagrado, oficialmente, como a Árvore Nacional de Portugal.
Apesar do sobreiro já estar protegido pelo Decreto-Lei n.º 169/2001, é entendimento de ambas as associações, que o simbolismo da classificação desta espécie como Árvore Nacional de Portugal reforçará o reconhecimento da importância do sobreiro para o nosso país e aumentará a pressão, junto dos diversos poderes, no sentido de serem encontradas novas soluções para os problemas que afectam esta espécie e os sectores de actividade que dela dependem.
Assim sendo, a caminhada que agora se inicia, visa não apenas a classificação do sobreiro como a árvore nacional do nosso país, mas, igualmente, ajudar a criar uma plataforma que funcione como um lóbi de defesa do sobreiro e da sua cultura, procurando ser parte activa na procura de soluções para alguns casos concretos que serão divulgados futuramente.
Esta iniciativa tem o seu ponto de arranque com a divulgação do comunicado que a seguir se transcreve, o qual será enviado à comunicação social. Em breve, será criado um blogue e uma página no Facebook, como forma de publicitar a iniciativa e de angariar apoios e sugestões.
As associações Transumância e Natureza e Árvores de Portugal pretendem, com o presente comunicado, lançar um movimento que visa desencadear o processo de atribuição ao sobreiro do estatuto simbólico de Árvore Nacional de Portugal.Para fundamentar esta pretensão, encontram-se, entre outros, os seguintes motivos:- Por ser uma espécie com ampla distribuição no território nacional continental, presente desde o Minho ao Algarve, em diferentes ecossistemas naturais. O sobreiro ocupa em Portugal perto de 737 000 hectares (dados do Inventário Florestal Nacional de 2006, não incluindo alguns povoamentos jovens), o que corresponde a cerca de 32% da área que a espécie ocupa no Mediterrâneo ocidental.- Pela enorme biodiversidade associada aos habitats dominados pelo sobreiro, incluindo espécies em sério risco de extinção e com elevado estatuto de conservação, consideradas prioritárias a nível nacional e internacional.- Pelo facto dos montados serem um excelente exemplo, de como um sistema agro-silvo-pastoril tradicional pode ser sustentável, preservando os solos e, desse modo, contribuindo para evitar a desertificação e consequente despovoamento/desordenamento do território.- Pela crescente relevância que os bosques de sobreiro e os montados, incluindo a biodiversidade associada, estão a conquistar junto de novos sectores, como o sector do turismo, traduzindo-se numa mais-valia para as populações locais e para a economia nacional. Sublinhe-se que, na actualidade, existem entidades ligadas a este sector de actividade, que pretendem candidatar o montado a Património da Humanidade, com base no reconhecimento de que se trata de um ecossistema único no mundo.- Pela sua importância económica e social, resultante do facto de Portugal produzir cerca de 200 000 toneladas de cortiça por ano (mais de 50 % do total mundial), sendo este sector o único onde o nosso país possui uma posição de liderança a nível internacional, desde a matéria-prima até à comercialização, passando pela transformação. A perda desta liderança representaria um descalabro económico, social e ambiental sem paralelo para o nosso país.As duas associações que subscrevem este documento tudo farão para que, futuramente, se possam juntar a este movimento, diversas instituições nacionais e todos os cidadãos a título individual que assim o desejem, incluindo todos os que, directa ou indirectamente, estão relacionados com a cultura do sobreiro e com os produtos e serviços que dependem desta espécie e das formações vegetais que domina, com especial destaque para a indústria corticeira.Estamos cientes que, apesar da vigência do Decreto-Lei n.º 169/2001, há ainda um longo caminho a trilhar, junto das diversas instâncias da sociedade, para se conseguir uma sensibilização que conduza a uma efectiva preservação desta espécie e dos valores biológicos, paisagísticos, económicos e culturais associados à mesma.A classificação do sobreiro como Árvore Nacional de Portugal, poderia, em adição ao simbolismo do acto, ajudar a tornar mais visíveis os graves problemas associados, no presente, à cultura e preservação desta espécie, contribuindo, desta forma, para aumentar a pressão no sentido de se alcançarem as soluções necessárias para os mesmos.Algodres, 30 de Outubro de 2010Associação Transumância e Natureza
Associação Árvores de Portugal
Considero uma excelente ideia fazer do sobreiro a Árvore Nacional de Portugal.
ResponderEliminarEnquanto director do Museu da Cortiça de Silves e membro dos corpos sociais da associação de produtores florestais do barlavento algarvio -Viver Serra, podem contar com o meu apoio.